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  • Foto do escritorCMurville

VOVÔ


Vovô estava velhinho e muito doente. Na cidade onde morava, os recursos para tratá-lo eram insuficientes. Teria que ser transferido para a capital de urgência. Porém, o traslado de ambulância levaria horas e não havia helicóptero disponível para transportá-lo.

A filha resolveu, então, que o pai iria de avião, apesar dos riscos de embolia e da possibilidade de problemas de pressão e circulação sanguínea. Os médicos haviam alertado: o estado dele era delicado e não era absolutamente nada indicado um passeio de avião a essas alturas dos acontecimentos!

Mas lá foram vovô a filha de avião para a capital, apesar das advertências e dos riscos.

O voo durou apenas 20 minutos, porém, para vovô e a filha, pareceu uma eternidade. O tempo parou e o sentimento era somente de alegria. Vovô olhava encantado através da janelinha do avião, seus olhos brilhavam. Observava a paisagem que desfilava à sua frente, prestava atenção aos barulhos e cheiros à sua volta, estava mais vivo do que nunca! Os médicos que o acompanhavam ficaram surpresos. O velho, que até pouco tempo exibia cara de defunto, mostrava-se rejuvenescido, seu semblante ganhou cor e até a sua oxigenação melhorou!

Somente a filha entendia o que acontecia com seu pai. Vovô estava feliz! Ele adorava voar, tinha paixão por aviões e havia tirado brevê aos 16 anos! Era um piloto experiente, sentia-se em casa no meio das nuvens. Mesmo se este fosse seu último voo, morreria feliz!

Ao ouvir essa história, compreendi que, às vezes, a melhor coisa a fazer é passear com os velhinhos e doentes, levar vovó ao cinema, ao restaurante, ao parque de diversões, a titia idosa para fazer uma aula de dança de salão, fazer as unhas e o cabelo da amiga convalescente, propor um programa que mude a rotina, transportando as pessoas para um mundo de alegria, onde as dores, os medos e as tristezas são literalmente deixados de lado.

Fazendo gentilezas, naturalmente o mundo à nossa volta torna-se mais gentil. Além do mais, a felicidade talvez esteja simplesmente no olhar do outro, no brilho nos olhos das pessoas, quando de alguma maneira conseguimos favorecer que estas últimas acessem um plano de existência mais vibrante, leve e luminoso. Nada como oferecer um sorriso a alguém, um presente, conhecimento, respeito ou qualquer outro alimento para o espírito que o momento pede, sem esperar nada em troca! Afinal, quem já não sabe que é dando que se recebe, que é fazendo o outro feliz que se é feliz?


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