Assisti “Dança dos Pássaros” e fiquei impressionada com a beleza das aves, algumas delas com vestes com detalhes exóticos muito particulares e cores exuberantes que realçavam em meio à natureza. Que fantástico observar as danças dos machos para atrair as fêmeas, exibindo diversos movimentos e rituais de aproximação! Alguns pássaros ainda mostravam suas qualidades fazendo enormes construções com galhos e mantendo seus territórios impecavelmente bem cuidados e livres de intrusos indesejados. Precisavam convencer as fêmeas exigentes e meticulosas em suas escolhas de que eram um bom partido.
O documentário mostra o quanto a natureza é perfeita e está repleta desses seres alados que poderíamos dizer do paraíso. Afinal, talvez o paraíso esteja aqui mesmo, sendo apenas uma questão de percepção e consciência para conseguir enxergá-lo. No entanto, apesar de também fazermos parte da natureza deslumbrante, com seres paradisíacos, absolutamente perfeitos, vivendo ao nosso lado, paira no senso comum a ideia de que o homem é imperfeito. E quando olhamos em volta, de fato, nem sempre encontramos um cenário paradisíaco. Vemos sujeira, construções em estado deplorável, poluição, gente desabrigada, com fome, doente e ainda por cima sempre surgem desafios. Enfrentamos dificuldades, sofremos, ficamos assustados, com medo, desapontados quando as coisas não são do jeito como gostaríamos, não acontecem segundo nossas expectativas.
Mas por que somente nós, seres humanos, seríamos imperfeitos? O que nos diferencia dos demais seres vivos? Temos inteligência, capacidade de raciocínio, avaliamos possibilidades, traçamos planos, executamos tarefas diversas, estudamos e criamos novas soluções, nomeamos, classificamos, analisamos, pensamos e desenvolvemos linguagem. Quanta ferramenta maravilhosa ao nosso dispor! Então, por que ainda assim eventualmente nos sentimos imperfeitos?
Estaria a sensação de imperfeição de certa forma relacionada às capacidades extraordinárias que nos diferenciam dos demais seres vivos? Ou seria ela decorrente das intenções que nos movem, de como usamos as ferramentas maravilhosas que temos ao nosso dispor, se para benefício particular ou o bem comum, se causando o sofrimento de outros seres e espoliando a natureza, nos levando a nos envergonharmos de nós mesmos?
Como as aves do paraíso, também integramos uma grande dança cósmica, na qual tudo está interligado e o universo reage a qualquer movimento, mesmo ao de uma folha caindo, de um pássaro batendo asas, de um piscar de olhos, de um pensamento lançado no mundo, deixando mais uma vez evidente a perfeição na qual estamos todos mergulhados. Então, para ver a perfeição em tudo, talvez o caminho seja aprender a viver em harmonia com a dança cósmica universal, cuidando de como empregamos nossas habilidades, sem querer impor nossa vontade, julgar a torto e a direito, manipular a realidade em proveito particular ou forçar qualquer situação.
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