A guerra das bonecas de Christiane Couve de Murville

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"Bia tinha uma Susi e Bel uma Barbie. As duas irmãs sempre brincavam juntas, inventando diversos cenários para suas filhas. O sofá transformava-se em tobogã para as bonecas e a penteadeira em Igreja, onde a Barbie casava-se com o Ken. Depois, era a vez de a Susi casar-se no jardim, com as flores no papel de convidados da festa. Não havia problema em compartilhar o único galã disponível.

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Tudo corria bem, até o dia em que as meninas resolveram brincar de cabeleireiro. Bia cortou o cabelo da Barbie da irmã, que, muito brava, rabiscou uma maquilagem horrível na Susi. Mas Bia revidou e quebrou o braço da Barbie, fazendo Bel entortar os pés da Susi. E ninguém mais queria brincar de servir, só de ser madame importante, dar ordens e mandar em tudo. Os tempos de paz e tranquilidade haviam terminado. Agora era guerra. As irmãs não se falavam mais e o quarto foi divido em territórios. O mundo perdeu a magia. As flores não eram mais convidadas em festas, a penteadeira deixou de ser palco de casamentos e o sofá passou a ser um simples assento. Logo, Papai Noel também não existia. ..."

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Um sonho para a eternidade de Christiane Couve de Murville

 

"Esta noite, sonhei que um príncipe encantado vinha me buscar em uma carruagem dourada. Também imaginei um galã elegante me convidando para dançar. Muitos amores desfilaram diante de meus olhos. Não importava se fossem guerreiros, artistas ou doutores. Mas tinham que ser homens que eu admirasse; honrados, generosos, esclarecidos, corajosos e gentis. Nada de sujeito mesquinho, arrogante, invejoso, dissimulado ou de mal com a vida.

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Nesses sonhos, me vi com filhinhos, sobrinhos e netos. Quantos amores! Segui sonhando e colecionando vivências e sensações diversas. Até parecia que cada sonho inaugurava uma nova realidade e que eu viajava por diferentes mundos, com galãs, príncipes, guerreiros e tudo mais. ..."

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Reflexos da vida de Christiane Couve de Murville

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"Isa vivia de mau humor, reclamando da vida. O trabalho era cansativo, o namoro andava morno, a mãe estava doente e o carro quebrado. A vida era só problema e decepção e Isa estava convencida de que os culpados por seus dissabores eram os outros, o mundo hostil à sua volta.

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Isa foi ao shopping para tentar esquecer sua existência infeliz. Uma comprinha talvez lhe devolvesse um pouco de alegria. A jovem caminhava desanimada, perguntando-se sobre seu futuro, repassando sonhos frustrados, sentindo pena de si. Tinha vontade de chorar, pensou em sumir, escondeu-se no toalete.

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O banheiro, repleto de espelhos por todos os lados, estava vazio. Ninguém para amolá-la. Apenas sua imagem refletida nos diversos espelhos, multiplicando-se infinitamente. A jovem sentiu-se desconfortável. Cada reflexo seu, que momentaneamente focalizava, instigava-a a rever um episódio de sua vida. ... "​

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Lançamento no Salon du Livre et de la Presse de Genève 2018