O CASAMENTO de Christiane Couve de Murville
A Igreja estava lotada. A noiva entrou toda de branco, com uma tiara brilhante na cabeça e um buquê de margaridas nas mãos. Parecia uma princesa de contos de fadas. Seus olhos brilhavam, estavam vidrados no altar. O noivo sentia o olhar da futura esposa, seu coração batia forte, o momento era especial.
O padre percebeu os sentimentos sinceros que animavam o casal. Era um sujeito sensitivo. Notou que muita gente estava ali de coração limpo, lançando milhões de estrelinhas de luz para os noivos, desejando-lhes felicidade, prosperidade, vida longa e tudo mais. Porém, também havia uma turma desagradável que, apesar de se mostrar sorridente, emitia pensamentos cheios de críticas, julgamentos ou interesses obscuros.
“ A vida não é um conto de fadas! Tinha que ser buquê de jasmim! O noivo não sabe fazer nó de gravata, nem emprego bom tem! São muito jovens, a moça é gastadeira e que tiarinha ridícula!”
O padre quase expulsou metade da congregação! Via as energias projetadas no ambiente, condensando-se no altar e envolvendo o casal. Havia ainda moças sentidas porque não tinham namorado ou, se tinham, não era aquele amor da vida delas. Também queriam se casar e ter filhinhos. Olhavam para a noiva com uma ponta de inveja, reparando em tudo que ela tinha e fazia, ou não. E quanto moço de olho comprido para cima da beldade de branco! Até casais, cujos relacionamentos andavam mornos, olhavam os jovens no altar com saudades de épocas antigas. Gostariam de voltar no tempo, sentiam pena de si...