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  • Foto do escritorCMurville

CAPTURADOS NA EMOÇÃO


Que tumulto era aquele na rua?! Um monte de gente agrupava-se em frente à padaria. Seria uma manifestação política, uma comemoração ou esperavam alguém? Logo entendi que não se tratava de nada disso. No meio da multidão, um motoqueiro na calçada era socorrido por paramédicos.


Observei a fisionomia das pessoas na rua, estavam todas vidradas na cena, difícil sair dali, precisavam acompanhar o drama e o sofrimento do sujeito acidentado. Mas aquele que se mantém na plateia só está ali porque espera alguma coisa ou recebe algo que o alimenta de alguma forma.


O choro do jovem no chão, os paramédicos trabalhando, mais gente parando para ver, o clima era de tensão, preocupação, tristeza, medo, até mesmo suspense. E a turma na frente da padaria estava totalmente capturada nessa emoção, precisava continuar olhando, não dava para deixar o local. Parecia até que se alimentava dos fluidos energéticos liberados no local.


Quem já não ouviu falar que o acúmulo de energia mental e emocional liberada pelas pessoas forma um campo de força poderoso capaz de envolver mais gente, influenciar comportamentos e mesmo cercear movimentos, impingir crenças e modos de viver e pensar?! Sem controle das emoções, o povo mantinha-se refém daquele plasma de dor e sofrimento formado pelas energias condensadas no local. E o campo de força na frente da padaria era mesmo forte. Segurava todo mundo naquela vibração do acidente, da aflição, do medo...


Somente quando os socorristas e o motoqueiro se foram as pessoas começaram a se dispersar. Mas saíram pesadas, carregadas. Falariam para todo mundo a respeito do moço acidentado na frente da padaria, da cena terrível, do clima, do medo... Tinham que se aliviar, passar a carga desagradável para outro. Difícil também controlar a língua!


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