Desde pequenininha, Fabi conversava com as meias, os livros, a cadeira, o vento, as flores, as pedras e os animais. Dizia que respondiam para ela, sorriam e até lhe davam conselhos. Porém muita gente a achava doidinha. Onde já se viu falar com a árvore, o vestido ou a porta?!
Mas a situação se complicou quando a menina passou a ver luzes cruzando pelos ares, em seu quarto, na sala de visitas, no jardim... Eventualmente, ela afirmava ter um bicho preto atrás da porta, no armário, ou se referia a nuvens escuras nas costas do primo e fumaças gosmentas agarradas aos sapatos do avô.
Ninguém compreendia que Fabi via energias que poucos conseguem perceber. Quase internaram a garota e a encheram de remédios. Afinal, tinham que acabar com os delírios da maluca que estavam assustando todo mundo.
Felizmente, a vizinha apareceu para defendê-la.
— Não há nada de maluco ou sobrenatural nisso tudo! Só porque vocês não enxergam o que a menina vê não significa que não exista! Quem disse que a realidade é só isso que vocês percebem?
A vizinha sabia muito bem que tudo era vida, tinha consciência e interagia com as demais energias do universo. E não havia nada de místico ou esotérico no que a garota contava. Diferente das demais pessoas que a rodeavam, Fabi não ficava fantasiando ou conjecturando sobre coisas que não via!
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