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  • Foto do escritorCMurville

O TESTE


Ana e Bel eram moças lindas e não apenas do ponto de vista da aparência física. A beleza delas vinha de dentro, eram bondosas e gentis. Ajudavam todo mundo e sempre tinham um sorriso carinhoso, uma palavra generosa e um olhar respeitoso a oferecer. Levavam luz a todos os ambientes por onde passavam e trabalhavam incessantemente para que todos ficassem bem, fossem felizes.

Depois de visitarem vários lugares e de cuidarem de muita gente, a duas avistaram um povoado onde tudo parecia perfeito, com pessoas contentes e vivendo em um cenário com construções modernas em harmonia com a natureza. Ana e Bel tinham a impressão de ter chegado no céu. Mas será que estavam mesmo no paraíso?

O prefeito da cidade recebeu as moças com toda pompa e circunstância. Cobriu-as de elogios, relembrando os feitos fantásticos das duas. Afinal, elas eram excepcionais, faziam um trabalho incrível, estavam de parabéns, eram exemplo de altruísmo e bondade. Impressionado diante das beldades que haviam se materializado à sua frente, o homem insistiu para que ficassem na cidade e vivessem para sempre ali. Daria a cada uma delas um palacete, com tudo que pudessem sonhar e até serviçais para atendê-las em todas as suas necessidades. Há tempos as observava e as duas já haviam trabalhado tanto que podiam, então, usufruir do bom e do melhor e ficar no paraíso.

Ana sentiu-se lisonjeada, imaginando ter alcançado um mundo perfeito de paz e harmonia perenes. Bem que merecia morar ali, portanto aceitou de bom grado os presentes que o nobre senhor lhe oferecia.

Quanto a Bel, agradeceu as honrarias, porém não ficaria ali. Ela ainda não havia acabado o trabalho dela e tinha muito a fazer em outros lugares, onde havia muita gente sofrendo e necessitando de auxílio. Além do mais, Bel perguntava-se por que tanta bajulação. Ela havia apenas feito o trabalho dela, o que achava correto e natural fazer e que qualquer um também deveria fazer. Não havia nada de extraordinário em seus feitos!

O prefeito sentiu-se profundamente ofendido. Como Bel recusava seus presentes?!

Ao ver a fisionomia carrancuda do sujeito que até pouco tempo pousava de anjo celestial, Bel logo entendeu que ali não era paraíso nenhum. Seguiu então o seu caminho, ainda mais luminosa do que antes. Havia passado no teste e sua aura tinha se tornado mais brilhante, permitindo-lhe acessar mundos ainda mais elevados e vibrantes.

De seu lado, Ana aproveitou ao máximo as regalias ofertadas. Porém, logo se sentiu ociosa, entediada e cansada de não ter muito o que fazer naquele paraíso. Mas já estava apegada às novas comodidades que tinha à sua disposição e, aos poucos, foi perdendo brilho por conta de tanto pensar em si. Quando se olhou no espelho, notou que tinha virado uma bruxa! Não havia passado no teste!


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